Foi o final do jogo e avizinha-se que assim seja o final da
época para Boavista e Estrela. Estreia — na segunda passagem — do «oito ao
oitenta» para Jorge Simão ao serviço do Boavista. Num jogo equilibrado, Rodrigo
Pinho tentou estragar a festa, mas um golo de Abascal, já nos descontos,
dividiu os pontos (1-1) e embrulhou a luta pela manutenção. Se a história é
feita de pessoas, Boavista e Estrela provaram ser históricos — como se dúvidas
existissem. Os milhares que embelezaram as bancadas do mítico Bessa foram,
desde o apito inicial, sensacionais. Mostraram-se, ecoaram cânticos de apoio e,
certamente, orgulharam quem despendeu parte da vida para engrandecer o
respetivo clube.
Começo tímido
Dentro das quatro linhas, o espetáculo não esteve ao mesmo
nível, mas é injusto afirmar que tenha sido mau. Antes pelo contrário. O
primeiro tempo foi equilibrado, aguerrido e de parada e resposta. De um lado,
houve um Kikas irrequieto e destemido, no meio de dois gigantes, e um Jabá de
pontaria afinada — o poste, à passagem do quarto de hora, que o diga. Do outro,
houve um Agra inconformado, constante desequilibrador pela esquerda, e um
Bozeník oportuno e insistente, mas infeliz — saiu lesionado, após desperdiçar a
melhor ocasião axadrezada dos primeiros 45'. Só não foi a melhor ocasião de
todo o primeiro tempo porque, já nos descontos, João Gonçalves impediu o golo
cantado. Pedro Malheiro perdeu a bola em zona imperdoável, Jabá agradeceu e
lançou Kikas, que atirou sem oposição para a estirada da tarde. O período após
o regresso dos balneários foi, provavelmente, o menos entusiasmante. Contudo,
foi preciso esse passo atrás para dar dois à frente. A partir 60 minutos, o
jogo desamarrou-se lentamente; Leo Jabá testou novamente o remate e o Boavista
cercou a área de Brígido, mas o momento alto estava guardado para a entrada no
último quarto de hora.
Final de loucos
Aí num livre direto em zona frontal, ainda muito distante
da baliza, Rodrigo Pinho assumiu a marcação. De frente para a bola, com muito
balanço — estilo Roberto Carlos — o avançado encheu o pé e rubricou um golo
memorável. Tiraço, sem hipótese de defesa. O Boavista, em desvantagem,
arregaçou as mangas e tentou. Jorge Simão mexeu na equipa e, dentro de campo,
os jogadores entenderam a mensagem: dar tudo até ao último apito. Bruno Brígido
mostrou-se inspirado e, com duas grandes defesas, adiou o inevitável. Já em
tempo de compensação, Abascal apareceu sozinho ao segundo poste e empurrou, de
cabeça, para o fundo das redes do teimoso guarda-redes adversário. Desta forma,
Boavista e Estrela continuam embrulhados, a tentar fugir a todo o custo do
lugar de play-off. De momento, os boavisteiros estão na 13ª posição, com 30
pontos, enquanto os estrelistas ocupam o 15º posto, com 29 pontos.
Golos:Rafael Mujica 30',Weverson 39' e Robson Bambu 47'(p.b.)
A equipa de Daniel Sousa é um regalo para aqueles que
gostam de futebol bem jogado. Não precisa de se esforçar muito. As ideias estão
claras, a dimensão do perigo está sempre presente. Neste domingo apanhou um
Boavista frágil e não precisou de se esforçar muito para ganhar. Pelo meio dos
golos, ainda desperdiçou duas grandes penalidades. A entrada em jogo não
surpreendeu ninguém. Apesar da vontade do Boavista em esticar o jogo, a ligação
entre meio campo e ataque não existiu e quando houve foi recheada de erros. O
Arouca apresentou-se sem pressas. Os rapazes de Daniel Sousa souberam recuperar
a bola, fazer as habituais triangulações pelos setores e chegar à frente,
descobrindo o espaço entre o setor intermédio do Boavista. A equipa do distrito
de Aveiro soube neutralizar os panteras e o encontro passou a ter um só
sentido: a baliza de João Gonçalves. Ainda era uma fase muito permatura do
jogo, mas o Arouca ativou o modo carrossel. David Simão e Pedro Santos foram
maestros das fantasias de Cristo González, Remeseiro e Mujica.
Erros a mais
Os Lobos agitaram com o desafio e os axadrezados tiveram a
primeira crise de identidade. Abascal foi o primeiro a cometer um erro, depois
de fazer uma grande penalidade sem sentido, mas Cristo González acertou na
barra. Depois, apareceu o erro de Sasso, mas Mujica não perdoou e fez o
primeiro golo do Arouca. O golo soltou a equipa de Ricardo Paiva. Na velha
expressão de perder por um, perder por 1000, o Boavista esticou os avançados e
passou a jogar mais no meio campo ofensivo. No entanto, a manta ficou curta e o
Arouca não perdeu tempo em mostrar as fragilidades dos axadrezados. O lance do
segundo golo foi uma imagem clara disso: uma equipa a chegar mais cedo e a
outra a correr atrás. Weverson finalizou com grande classe. Se o jogo podia
ficar pior para o Boavista, ficou. Ainda na primeira parte, os axadrezados
ficaram sem Seba Pérez, que viu vermelho e viram Malheiro fazer um novo
penálti, mas Cristo González voltou a não conseguir bater João Gonçalves,
depois de acertar na barra.
Nova cara foi insuficiente
O intervalo acabou por ser bom conselheiro das panteras. A
equipa da cidade do Porto apareceu com a clara noção de que pior não podia
ficar e mostrou um ar da sua graça. A entrada do Boavista foi implacável: em
menos de dois minutos reduziu o marcador e colocou o Arouca cheio de dúvidas,
mesmo estando a jogar com menos um jogador. Mas os comandados de Ricardo Paiva
tiveram de correr muito mais que o adversário e isso sentiu-se no decorrer da
segunda parte. O Boavista optou sempre por um estilo de jogo mais direto, mas a
defesa do Arouca nunca teve grande perigo junto da baliza. Por outro lado, o
Arouca ainda marcou mais uma vez, mas o lance foi invalidado por mão de Mujica.
O Boavista voltou a perder e ficou numa posição muito próxima da luta pela
manutenção na Liga Portugal Betclic.
Treinador:José Mota Treinador:Jorge Couto/Ricardo Paiva
Cartões Amarelos:Vincent Sasso 53',Fabricio Isidoro 62',Luís Santos 78',Igor Rossi 78',Bruno Duarte 79' e Gaius Makouta 94'.
Golos:Claúdio Falcão 28' e Bruno Duarte 39'.
Pior registo da época ultrapassado: depois de nove jogos
sem vencer, o Farense regressou às vitórias (2-0) e Ricardo Velho voltou a ser
a salvação da equipa de José Mota que, apesar de 45 minutos excelentes,
deixou-se adormecer a meia hora do fim e viu o guarda-redes português ser o
grande herói. Do outro lado, a pantera - desorientada até aos 65' e com as
garras muito pouco afiadas -, deu uma boa resposta no segundo tempo, mas
insuficiente. Com este resultado, o Farense chega aos 30 pontos da tranquilidade
(10º lugar) e ultrapassa o Boavista (11º, com 29 pontos). Em relação ao jogo,
de forma surpreendente, tanto José Mota como Ricardo Paiva apresentaram
novidades e um meio campo renovado. Do lado da casa, o emblema algarvio deixou
Mattheus Oliveira, Cáseres (castigado) - dupla do meio campo na última partida
-, Zé Luís e Fran Delgado fora do 11, enquanto os axadrezados deixaram Reisinho
(castigado), Seba Pérez (no boletim clínico) - dupla no meio campo no último
desafio -, Agra (castigado) e Makouta (suplente) de fora do 11.
À terceira foi de vez
Apenas e um só sentido: baliza de João Gonçalves. 45
minutos desesperantes para qualquer adepto do Boavista que viu uma equipa sem
muitas soluções, pouco convicta a atacar e ainda pior a defender. Por outro
lado, que resposta da equipa de José Mota! O Farense assumiu a responsabilidade
do jogo desde o minuto um e rapidamente disse para o que vinha: marcar golos.
Aos 12' e aos 23' marcou de forma irregular - primeiro, num lance que começou
numa bola na mão de Bruno Duarte e o segundo procedido de fora de jogo -,
contudo, aos 28' e à terceira foi de vez. Num canto ao primeiro poste, Róbert
Bozeník - de forma infeliz - desviou para a cabeça de Falcão que, solto de
marcação, só teve de encostar. Antes do intervalo, Chidozie ainda assustou
Ricardo Velho, mas foi o Farense quem voltou a marcar (e com justiça, diga-se).
Belloumi, endiabrado nos corredores, assistiu Bruno Duarte com precisão que, de
forma pouco ortodoxa - de peito! - desviou de João Gonçalves. Bela jogada do
Farense e 2-0: um resultado que espelha na perfeição o que aconteceu no
primeiro tempo.
Pantera desorientada vs Pantera mostra as garras
20 minutos na toada do primeiro tempo - Boavista sem
resposta para o domínio algarvio - e 25 minutos diferentes (bem diferentes!)
pela positiva do lado axadrezado. O Farense, de forma expectável, manteve as
mesmas peças, continuou por cima e Belloumi por pouco não aproveitou uma falha
SURREAL de Abascal. O argelino aproveitou uma desatenção do
central, contudo, na cara de João Gonçalves - exibição apenas manchada pelo
lance do primeiro golo, mas ainda assim, competente - permitiu uma defesa ao
jovem luso. A partir daqui, o Farense encolheu-se e o minuto 67 marcou,
definitivamente, uma mudança de rumo na partida. Num excelente desenho ofensivo
do Boavista, Bruno Lourenço surgiu com perigo, disparou forte e criou a
primeira de nove (!) oportunidades até ao final do jogo: algumas defesas
exímias de Ricardo Velho, alguns falhanços e, acima de tudo, muita ineficácia.
Uma exibição incrível de Velho - reflexos fantásticos - que apaga, em certa
medida, 25 minutos - também importa sublinhar - de pouca produção do Farense.
Cartões Amarelos:Emanuel Boateng 12',Salvador Agra 31',Mateo Tanlongo 40',Emannuel Boateng 62',Róbert Bozénik 65' e Miguel Reisinho 76'.
Cartões Vermelhos: Emanuel Boateng 62'.
Em Semana Santa, a Páscoa açambarca grande parte da
criatividade. Este sábado, no Estádio do Bessa, acabou por não ser diferente.
Sábado de Aleluia retratou um empate pouco ou nada santo entre Boavista e Rio
Ave. Foi um duelo bastante dividido - quer entre as formações, quer em momentos
de jogo. O nulo no marcador permaneceu do início ao fim, mas ainda deu muito a
contar. O Boavista manteve os habituais titulares, enquanto o Rio Ave
demonstrou algumas mudanças. Luís Freire viu-se obrigado a mexer cedo na equipa,
devido às lesões de Josué Sá e Amine Oudhiri. Baixas de peso de jogadores
influentes.
Três vidas diferentes
A primeira parte deste encontro, à semelhança da escrita e
reescrita ressurreição de Jesus Cristo que alegadamente aconteceu ao terceiro
dia, teve três partes distintas. Tanto Boavista e Rio Ave subiram ao relvado
com vontade de demonstrar bom futebol. E assim foi durante boa parte do tempo.
Com ligeiro ascendente vilacondense, eram boas e muitas as investidas parte a
parte, ainda que nem João Gonçalves nem Jhonatan tivessem tido um grande volume
de trabalho. Depois disso, o jogo esmoreceu. Luís Freire viu-se obrigado a
retirar Josué e Amine por lesão no decorrer da primeira parte e, para além
disso, era notória a decadência de ritmo do encontro - mesmo num Boavista sem
alterações. Os minutos finais reservaram pouca emoção, ao contrário do sucedido
no início. Cadência lenta, criatividade escassa e tudo muito amorfo. Mesmo
assim, esperava-se bom nível após o intervalo.
Há que mudar
Depois da forma dormente como a primeira parte terminou,
havia a necessidade de mudar. Quem o fez foi Luís Freire, mesmo já tendo
queimado duas substituições nos 45 minutos iniciais. Fez Joca subir ao relvado
após o intervalo e veio mudar o jogo quase na totalidade. Dinâmica,
verticalidade e criatividade. O encontro precisava disto mesmo..., mas o
Boavista não. Os panteras mostraram, ao início, que estavam em campo para
vencer e acabar com a série inconstante de resultados, no entanto Ricardo Paiva
tardou em fazer alterações e em mudar a toada que a equipa boavisteira
atravessava. Por falar em mudar: tudo mudou mesmo. Depois de uma hora de
ligeiro ascendente rioavista, como já havíamos escrito, Emmanuel Boateng viu o
segundo cartão amarelo e deixou a turma de Luís Freire reduzida a dez
elementos. O Rio Ave chegou a colocar a bola dentro da baliza, mas um falta
sobre João Gonçalves ditou a invalidação e, verdade seja dita: mesmo com menos
um jogador, os vilacondenses bateram-se como se estivessem a jogar de igual
para igual. No final, nada mais houve para contar. Não houve Aleluia. O Rio Ave
somou o quinto empate consecutivo na Liga Portugal Betclic e o Boavista
regressou aos pontos, depois da derrota pesada em Alvalade.
Não foi tão fácil como o marcador pode sugerir, já que o
Boavista marcou primeiro e guardou essa vantagem quase durante uma parte
inteira. Ainda assim, a reação chegou e o Sporting, graças a uma segunda parte
demolidora, conquistou os três pontos e uma vitória por 6-1. Para a surpresa de
poucos - por esta altura, talvez, ninguém - Viktor Gyökeres foi a grande figura
do jogo, com um hat-trick e uma assistência. Paulinho, que regressou ao onze
titular, também brilhou com um bis e uma assistência.
Líder em xeque
Uma semana depois de ter regressado às vitórias frente ao
Moreirense (1-0), o Boavista levou o seu xadrez a Alvalade e não precisou de
muito tempo para colocar o líder em xeque.
Bozeník deu o primeiro aviso quando ainda só havia segundos no relógio e
ao terceiro minuto o golo chegou, por intermédio de Gaius Makouta. O lance
nasceu de um cruzamento que Franco Israel não conseguiu resolver da melhor
forma - gerou arrepios nas bancadas - e a bola à mercê do médio congolês, que
finalizou exatamente como a situação exigia.
O reduto leonino celebrou o golo do empate pouco depois,
num mágico pontapé de fora da área de Francisco Trincão, mas o mesmo acabaria
anulado pelo VAR. Fora de jogo de Paulinho no arranque da jogada. De então para
a frente, o jogo foi totalmente controlado pela equipa de Rúben Amorim. O
Sporting subiu muitos elementos à procura de criar perigo no corredor central,
mas não conseguia chances verdadeiramente flagrantes.
Reação a quente
A frustração da equipa leonina e das bancadas de Alvalade
foi crescendo até chegar ao seu auge no minuto 32, quando um desentendimento
entre Salvador Agra e Morten Hjulmand resultou em cartão amarelo para os dois.
O dinamarquês, que acabaria substituído ao intervalo por precaução, pediu, sem
sucesso, a expulsão do 7 do Boavista. Para acalmar os adeptos, pelo menos
temporariamente, só o golo seria suficiente, mas este teimava em não chegar.
Viktor Gyökeres era até ao momento o jogador mais perigoso e rematador em
campo, mas ainda só tinha conseguido atirar à figura de João Gonçalves ou por
cima da baliza. Pelo meio, houve tentativas de Trincão e mais uma letra de Nuno
Santos. Gyökeres ainda tentou servir Paulinho, que não chegou a tempo de
encostar para o 1-1, antes dos papéis se inverterem aos 44 minutos de jogo.
Excelente trabalho do camisola 20, antes do passe perfeito para que o
artilheiro da Liga Portugal Betclic tivesse apenas de encostar.
Seis!?
O golo do empate ainda antes do intervalo ofereceu muita
tranquilidade à equipa leonina. Com a bola a rolar no segundo tempo, era
notável a sensação de que os jogadores sabiam que iam chegar ao segundo golo
mais cedo ou mais tarde. Foi mesmo mais cedo. Corria o minuto 54, já depois de
um falhanço de Diomande, quando Paulinho fez o 2-1 depois de um cruzamento bem
medido por Geny Catamo.
Em desvantagem pela primeira vez, a equipa de Ricardo Paiva
perdeu o norte. Começou a ceder mais espaço nas costas, convidando as famosas
roturas de Gyökeres, e por isso acabou por provar (novamente) desse veneno.
Bola longa de Nuno Santos e notável trabalho do internacional sueco, no drible
e finalização ao poste mais distante. Também houve troca de papéis entre os
dois, já que aos 88 minutos foi Gyökeres que serviu um golo de Nuno Santos para
chegar às 10 assistências na Liga. Esse foi o 5-1, 10 minutos depois de uma
grande penalidade que levou o ex-Coventry para os 22 golos na competição.
Números absolutamente impressionantes. Nem tudo foram boas notícias, já que
Francisco Trincão teve de ser substituído por lesão numa semana em que Pedro
Gonçalves e Marcus Edwards já se tornaram baixas. Ainda assim, o ataque manteve
boa saúde na relação com os golos, já que Paulinho ainda chegou ao seu bis para
fixar o marcador final: 6-1.
No dia que antecede as eleições legislativas portuguesas, o
Boavista tornou públicas as suas intenções: votaram na tranquilidade na Liga
Portugal Betclic, uma vez que receberam e derrotaram o Moreirense por 1-0, com
o golo do triunfo a surgir na reta final por intermédio de Miguel Reisinho.
Ricardo Paiva e Rui Borges acabaram por ser fiéis ao que
têm vindo a fazer. O técnico dos boavisteiros foi obrigado a mexer apenas por
necessidade: devido à suspensão de Sebastián Pérez e lesão de Vincent Sasso.
Entraram Ibrahima Camará e Filipe Ferreira. Do lado de Moreira de Cónegos,
apostou-se nos mesmos onze jogadores do último encontro.
Muita indecisão...
Ao contrário do que se verificou fora das quatro linhas,
onde o vento, chuva e frio tomaram conta das atenções, Boavista e Moreirense
começaram com vontade de dar espetáculo num final de tarde de inverno no
Estádio do Bessa. Era necessário, portanto, aquecer os motores e ligar à
corrente. Róbert Bozeník foi o primeiro jogador a mostrar essa intenção. Logo
aos 40 segundos de jogo, após um lance algo confuso, falhou a bola no coração
da grande área adversária e deu, ainda assim, o primeiro aviso a uma equipa que
transpira confiança. Esse primeiro aviso não deixou o Moreirense intranquilo.
Bem sabemos que o Boavista tentou aproveitar as linhas subidas e conseguiu
criar perigo por intermédio de Salvador Agra, mas os cónegos, aos poucos,
impuseram um ritmo de jogo favorável para chegar ao último terço contrário. A
técnica de João Camacho e de Madson, assim como a qualidade de passe do trio
Castro-Ofori-Franco, ajudaram à calma num campo complicado. As oportunidades
propriamente ditas não foram abundantes, mas João Gonçalves ainda se aplicou
algumas vezes para evitar o primeiro golo do encontro.
Até aparecer o Rei
Os treinadores foram mexendo com as peças que tinham no
banco de suplentes. Ricardo Paiva começou por fazer uma «substituição direta»,
pois colocou Gaius Makouta no lugar que pertenceu a Ilija Vukotic. Do outro
lado, Rui Borges respondeu com a entrada de Alanzinho numa tentativa de atacar
com mais intensidade, pois Castro saiu do tapete verde, o que fez com Ofori
recuasse no terreno. Durante largos minutos a estratégia parecia ter resultado,
pois o Moreirense instalou-se junto à baliza boavisteira. Os axadrezados foram
somando dificuldades para sair com critério e tiveram que esperar largos
minutos para voltar «a acordar» Kewin Silva, guarda-redes que teve pouco
trabalho. Quem acordou mesmo foi Miguel Reisinho, camisola dez que teve um
momento artístico aos 82 minutos. Após um passe de Makouta, o médio ofensivo
contou com um remate sem muita preparação e abanou as redes contrárias: explosão
de alegria no Bessa! Até ao final, os forasteiros tentaram o tudo por tudo, mas
o voto não mudou: o Boavista quer uma reta final de campeonato mais tranquila
para permanecer no principal escalão do futebol português. A Pantera continua
viva.
Na partida de encerramento da ronda 23 da Liga Betclic, os
minhotos souberam lidar com um Boavista abnegado e organizado na primeira meia
hora e embalaram para uma vitória sólida num terreno tradicionalmente difícil
(0-4). Bozeník esteve prestes a causar tremor, mas a ficha limpa voltou a ser a
realidade na baliza de Matheus, com os Gverreiros a exibirem um manual prático
de como abater a Pantera. A meteorologia antecipava frio e este fez-se sentir,
fora e dentro das quatro linhas. A destoar desta condição quase polar, as
claques das duas equipas deram vida, com a voz bem aquecida, a um desafio bem
organizado de parte a parte, mas com poucos rasgos de brilhantismo na reta
inicial. Com as inclusões de Bruno Onyemaechi - surgiu uns metros à frente de
Filipe Ferreira - e Joe Mendes - desta
vez na lateral esquerda arsenalista - como destaques de proa, cedo se percebeu
que os do Bessa não teriam problemas em atacar, com o critério exigido, a
baliza de Matheus, ainda que as incursões apenas se resumissem a um par de
aproximações prometedoras até perto da meia hora. Naturalmente e mesmo que a
viver uma fase menos fulgurante, os Gverreiros do Minho instalaram-se perto da
área axadrezada, sempre com muito jogo exterior e sem muito «alimento» para
Banza e Abel Ruiz. Roger teve nos pés a melhor situação dos minhotos nesse
período, valendo a atenção de João Gonçalves a limpar o perigo com uma estirada
ao ângulo. Pedia-se mais rasgo e uma
dose acrescida de espetacularidade que fizesse jus aos bravos que iam dotando o
espetáculo a partir de fora e esse desejo foi mesmo cumprido. Bozeník até
adiantou o Boavista num carrinho perfeito ao cruzamento de Salvador Agra, mas a
desilusão surgiu, logo a seguir, com o confirmar da posição irregular do
internacional eslovaco.
Do susto à
tranquilidade
O susto fez o Braga despertar a sua qualidade ofensiva e,
num ápice, colocou-se em posição avantajada. Em menos de cinco minutos, Banza
mostrou a frieza do costume na cara de João Gonçalves, depois de um sprint
inebriante,com Abel Ruiz a dilatar a contenda, numa finalização de classe tão
elevada como a do passe picado de Ricardo Horta. Dois duros golpes no cariz
compacto dos axadrezados... Algo que se viria a agudizar nos segundos 45'.
Confortável na liderança do placard, os arsenalistas geriram com maior ou menor
domínio e Banza desferiu nova estocada na Pantera, beneficiando de uma entrada
repleta de serviço - cumpria os primeiros dois minutos em campo - de Cristián
Borja. No que havia para se jogar, Ricardo Paiva fez entrar Chidozie para o
lugar de Filipe Ferreira e compôs uma linha defensiva a cinco, a fim de
estancar as infiltrações que se iam adensando com o passar dos minutos.Joel
Silva ainda esteve perto de amenizar o descalabro numeral que se começava a
sentir, só que, Zalazar voltou aos golos e fechou as contas à boleia de um belo
tiro cruzado.
Cartões Amarelos:Vasco Fernandes 39',Júnior Pius 44',Ricardo Guima 45' +3',Cafu Phete 45' +5',Sandro Cruz 45 +8',Pedro Malheiro 87' e Hugo Souza 92'.
Cartões Vermelhos: Carraça 59'.
Golos:Raphael Guzzo 7',Bruno Lourenço 23'(g.p.) e Héctor Hernández 71'.
Nem a expulsão de Carraça no início da 2ª parte (59')
abrandou o coração deste Chaves, que viu um grande golo de bicicleta do
espanhol Héctor Hernández dar uma importante (e merecida) vitória por 2-1 sobre
um Boavista desinspirado. Com esta vitória, os flavienses deixaram, à condição,
o lugar de lanterna vermelha do campeonato. Pontos eram precisos em
Trás-os-Montes e o Chaves recebia o (menos aflito) Boavista. Do lado flaviense,
o treinador Moreno Teixeira promovia quatro alterações no onze inicial em relação
ao último duelo, com as entradas de Jô Batista, Ricardo Guima, Cafú Phete e
Carraça, para os lugares que pertenciam a Steven Vitória, Rúben Ribeiro, João
Correia e Kelechi. O Boavista, por sua vez, não fazia alterações no onze
inicial.
Do belo ao duro
Aflito no fundo da tabela, mas a jogar em casa, o Chaves
entrou com vontade de ter bola e rapidamente obrigou o Boavista a baixar a
pressão alta demonstrada inicialmente. Com bola, os flavienses apresentavam um
3x5x2, onde as deambulações de Héctor Hernández para as linhas iam criando
espaço para o surgimento dos médios em zona frontal e a equipa crescia com
bola. Contudo, o golo inaugural surgiu num erro enorme de Sasso, aos 7', que
perdeu a bola em zona infantil, na esquerda, e permitiu a Jô Batista servir
Guzzo no coração da área, para o 1-0. Jogo foi dividido na 1ª parte O Boavista,
embora muito focado na transição, até reagiu bem ao golo sofrido e começou a
potenciar Agra e Reisinho, com Bruno Lourenço a servir de maestro, a partir das
suas deambulações para o meio, e com Bozenik a «chatear» o trio defensivo
adversário. Bem ofensivamente, mas mais adormecido do outro lado, o Chaves viu
Sandro Cruz chegar tarde a uma bola dividida e acabou por fazer falta sobre
Agra na sua área. Após confirmação do VAR, Bruno Lourenço não perdoou e empatou
a partida, aos 23'. Esta primeira metade da 1ª parte tinha sido boa, mas o golo
do empate descaracterizou um pouco o Chaves, que continuou a ter mais bola, mas
foi bem menos assertivo. O jogo ficou mais combativo, baixou o ritmo e foi
sendo parado em excesso com faltas - prova disso foram os cinco amarelos do
Chaves ao intervalo -, o que não permitiu grande qualidade. Já nos descontos,
Malheiro ainda cruzou bem para Bozenik e este rematou enrolado para defesa de
Hugo Souza, mas o empate persistiu até ao intervalo.
Coração flaviense
Terminado o balneário, a dinâmica do jogo mudou um pouco e
era o Boavista quem, agora, queria mais bola, deixando a partida mais dividida
a meio campo, embora o Chaves continuasse a procurar ter o seu espaço. Os
primeiros minutos foram, no entanto, disputados longe das balizas. Contudo,
tudo mudou aos 59', quando o Chaves perdeu a bola em zona proibida, Bozenik foi
desmarcado na cara do golo e apenas foi impedido por Carraça, que acabou
expulso. O VAR ainda analisou se era penálti, mas a falta tinha sido fora da
área. Havia vida no Chaves, mas a vida está complicada. Perante isto,
enfatizou-se um Boavista mandão, com mais bola e a encostar o Chaves à sua
área, até porque os flavienses defendiam agora com todos e tentavam jogar na
transição. Moreno manteve a linha de três, mas não deixou de olhar para a
frente e, depois de Benny na esquerda, adicionou João Correia e Sanca para dar
vida à ala direita. O Chaves ia respirando por aí, mas conseguiu mais do que
isso: foi feliz. Com o Boavista mais balanceado para a frente, aos 71', Benny
subiu na esquerda, cruzou tenso e João Correia amorteceu ao segundo poste. No
coração da área surgiu Héctor Hernández a marcar de bicicleta, para ver e rever
e dar vida aos comandados de Moreno. Em vantagem numérica, mas desvantagem no
marcador, cabia ao Boavista fazer de tudo para marcar. O Chaves foi-se
resguardando, o Boavista, sem soluções para construir no último terço, perante
as linhas tão baixas do Chaves, ia cruzando e tentando usar o seu tamanho, mas
nada resultava. Quando não era a sua ineficácia - Bozenik, desinspirado, teve
grande perdida nos descontos -, era Hugo Souza a agigantar-se entre os postes e
o Chaves acabou mesmo por conseguir uma enorme e importante vitória por 2-1,
para sair, provisoriamente, do 18º e último lugar da classificação.